domingo, 26 de fevereiro de 2012

DESEJO




Desejo: o fator motivante na consciência
22/08/2011
124Share

Psicologicamente, o desejo pode ser definido como uma vontade, um impulso do indivíduo em direção à algo ou alguém, enfim: um querer. Esse desejo é aquilo que nos movimenta, nos motiva e nos encaminha. Pode ser percebido pelo ego desde um simples interesse controlável, até uma compulsão escravizante.
Essa energia do desejo é como se fosse um fogo. Esse fogo é capaz de queimar e corroer a alma humana, e é capaz de ser o gerador de grandes obras. É a própria libido. Mas qual é a diferença entre um desejo que motiva alguém a roubar, trair, matar, estuprar, violentar, ou a beber, comer, comprar, fumar, jogar e transar compulsivamente e um desejo ético, criador, amoroso, de fé, de cooperação, e assim por diante?
Fica claro que existem desejos e desejos. Alguns mais brutos, outros mais lapidados. Alguns escravizantes, outros libertadores, e a principal diferença entre eles é sua fonte de origem.
Os desejos provindos exclusivamente do ego acabam por ser desejos “egoístas”, ou seja, desejos em busca de auto satisfação. É um desejo que procura exclusivamente o prazer e a satisfação de uma necessidade. E a medida que eu o alimento, ao invés de satisfazê-lo permanentemente, aumento minha necessidade. Vamos pensar nas práticas consumistas como exemplo: se desejo uma bolsa vermelha, vou lá e compro. Esse desejo de consumo fica satisfeito por um tempo. Logo ele volta, e se dirige à um outro objeto qualquer. Pode ser que se vincule à uma bolsa marrom. E vou lá, e compro. E isso torna-se um ciclo. O desejo nunca é totalmente satisfeito. O ato de comprar o alivia por um breve instante.
Não sou contra a satisfação de desejos egóicos. Não vejo mal algum em consumir. Mas desde que isso não seja feito desvairadamente. Enquanto comprarmos uma bolsa porque temos interesse nela, tudo bem. O problema é quando somos obrigados a comprar e a comprar incessantemente porque um desejo imperativo nos obriga a tal. Isso é escravidão. E aí temos que ter um ego suficientemente forte, que saiba dizer não, para que esses desejos possam se transformar em energia criativa, lapidada e desenvolvida.
Para testar a natureza de um desejo, basta frustrá-lo. Fazendo isso, se ele se tornar tirânico, pode saber que se trata de algo precariamente desenvolvido. Se tornam verdadeiros “demônios” dentro de nós. E nós ficamos possuídos por eles. Satisfazer esse tipo de desejo nada mais é do que acalmar (temporariamente) esses imperativos tirânicos.
Mas alimentá-los apenas mantém uma dinâmica repetitiva de DESEJO – SATISFAÇÃO – FALTA. Para transformar essa energia, volto a dizer, é necessário ter auto-controle. É poder ser forte o suficiente para aguentar o fogo corrosivo até que ele se transforme.
O problema no mundo hoje é que as pessoas se sentem muito cheias de direitos à satisfazer suas vontades, e a se encherem de prazeres e recompensas. Aliás, a coisa está pior que isso. Elas se sentem no direito de exigir que o mundo satisfaça suas vontades. E o senso de responsabilidade (dever) para com o mundo fica muito empobrecido. Confundem felicidade com satisfação de desejos imperativos. E aí vira uma confusão.
A felicidade só pode vir através do desejo regenerado, criativo e responsável. Um desejo amoroso que cria (ao invés de repetir). Um desejo que me leva a deixar no mundo aquele pedaço do meu ser que só eu tenho. Como se estivesse cumprindo com o meu papel nessa vida que me foi dada. Esse desejo é aquele provindo do self (o centro organizador da psique), e desenvolvido (transformado) com a ajuda da consciência.
Esse desejo regenerado nos conduz às coisas que realmente importam nessa vida. Nos desapegamos de futilidades, que nada mais fazem do que nos desviarmos do caminho do desenvolvimento humano.
Tags: , , , , , , , , , , , Post a Comment or Leave a Trackback

Nenhum comentário:

Postar um comentário