domingo, 12 de fevereiro de 2012

Louca Me Chamam (Crazy He Call's Me)

Eu moverei montanhas
Sem mover montanhas
Se ele assim quiser moverei
Louca me chamam
Sim, sou louca
Louca de amor eu sei
Eu andarei no fogo
Sem andar no fogo
Se ele assim quiser andarei
Louca me chamam
Sim, sou louca
Louca de amor serei
Como o ar
Que move a palha
E abala o seu olhar
A música eu sei cantar
A mágica eu posso lhe ensinar
Eu te darei pra sempre
Digo para sempre
Te darei a chave do céu
Louca me chamam
Sim, sou louca
Louca de amor serei
Como o a
rQue move a palha
E abala o seu olhar
A música eu sei cantar
A mágica eu posso lhe ensinar

SONETO DO AMOR TOTAL




Amo-te tanto, meu amor...não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.
Amo-te afim, de um calmo amor prestante,
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente,
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim muito e amiúde,
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.
*.*.*.*.*.*.*



VINICUIS DE MORAES.

AMOR ANTIGO




O amor antigo vive de si mesmo
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede. Nada espera,
mas do destino não nega a sentença.
O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e beleza
Por aquelas mergulhas no infinito,
e por estas suplanta a natureza
Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
o antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.
Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor ...




Carlos Drummond de Andrade

AS SEM RAZOES DO AMOR.




de Carlos Drummond de Andrade
Eu te amo porque te amo.Não precisas ser amante,e nem sempre sabes sê-lo.Eu te amo porque te amo.Amor é estado de graçae com amor não se paga.
Amor é dado de graça,é semeado no vento,na cachoeira, no eclipse.Amor foge a dicionáriose a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amobastante ou demais a mim.Porque amor não se troca,não se conjuga nem se ama.Porque amor é amor a nada,feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,e da morte vencedor,por mais que o matem (e matam)a cada instante de amor.

PABLO NERUDA




"Nega-me o pão, o ar, a luz, a primavera,mas nunca o teu riso, porque então morreria."






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Se não puderes ser um pinheirono topo de uma colinasê um arbusto no vale,mas sê o melhor arbusto à margem do regato.Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore.Se não puderes ser um ramo,sê um pouco de relva,e dá alegria a algum caminho.Se não puderes ser uma estrada,sê apenas uma senda.Se não puderes ser o Sol,sê uma estrela.Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso...Mas sê o melhor no que quer que sejas.










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Aqui te amo.
Nos sombrios pinheiros desenreda-se o vento.
Brilha a lua sobre as águas errantes.
Andam dias iguais a se perseguir.
Dissipasse a névoa em dançantes figuras.
Uma gaivota de prata desprende-se do ocaso.
Às vezes uma vela. Altas, altas estrelas.
Ou a cruz negra de um barco.
Sozinho.
Às vezes amanheço, e até a alma está úmida.
Soa, ressoa o mar ao longe.
Este é um porto.
Aqui te amo.
Aqui te amo e em vão te oculta o horizonte.
Estou te amando mesmo entre estas frias coisas.
Às vezes vão meus beijos nesses navios graves,
Que correm pelo mar até onde nunca chegam.
Já me vejo esquecido como estas velhas âncoras.
São mais tristes os cais quando atraca a tarde.
Cansa-se minha vida inutilmente faminta.
Amo o que não tenho. Tu estás tão distante.
Meu tédio luta com os lentos crepúsculos.
Porém a noite chega e começa a cantar-me.
A lua faz girar a sua roda de sonho.
Olham-me com teus olhos as estrelas mais grandes.
E como eu te amo, os pinheiros no vento,
Querem cantar o teu nome com as folhas de arame.










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Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Escrever, por exemplo:
“A noite está estrelada, e tiritam, azuis, os astros, ao longe”.
O vento da noite gira no céu e canta.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Eu a quis, e às vezes ela também me quis...
Em noites como esta eu a tive entre os meus braços.
A beijei tantas vezes debaixo o céu infinito.
Ela me quis, às vezes eu também a queria.
Como não ter amado os seus grandes olhos fixos.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Pensar que não a tenho.
Sentir que a perdi.
Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.
E o verso cai na alma como na relva o orvalho.
Que importa que meu amor não pudesse guardá-la.
A noite está estrelada e ela não está comigo.
Isso é tudo.
Ao longe alguém canta.
Ao longe.
Minha alma não se contenta com tê-la perdido.
Como para aproximá-la meu olhar a procura.
Meu coração a procura, e ela não está comigo.
A mesma noite que faz branquear as mesmas árvores.
Nós, os de então, já não somos os mesmos.
Já não a quero, é verdade, mas quanto a quis.
Minha voz procurava o vento para tocar o seu ouvido.
De outro.
Será de outro.
Como antes dos meus beijos.
Sua voz, seu corpo claro.
Seus olhos infinitos.
Já não a quero, é verdade, mas talvez a quero.
É tão curto o amor,
e é tão longo o esquecimento.
Porque em noites como esta eu a tive entre os meus braços,
minha alma não se contenta com tê-la perdido.
Ainda que esta seja a última dor que ela me causa,
e estes, os últimos versos que lhe escrevo.