terça-feira, 13 de março de 2012

TERAPIA EM DIA



Nós podemos chamar de psique a unidade formada entre o consciente e o inconsciente. O primeiro corresponde àquilo que conhecemos, e seu centro organizador corresponde ao que chamamos de “eu” (ego). O segundo seria o conjunto de conteúdos dos quais não temos ciência, mas que ainda assim fazem parte daquilo que nos constitui.
Essas duas camadas encontram-se normalmente numa dinâmica muito afinada, e estão sempre funcionando de forma a equilibrar a psique. O centro organizador da psique é aquilo que chamamos de Self, e essa coordenação seria sua função. É como se uma esfera pudesse compensar a outra para a manutenção desse equilíbrio.
Essa compensação pode ser feita de várias maneiras (sonhos, doenças, chistes, atos falhos, e assim por diante) e em todas elas devemos olhar o que é que o inconsciente está manifestando. Por mais que não seja uma manifestação agradável – uma doença psicológica por exemplo – se encontrarmos o conteúdo inconsciente que jaz em seu núcleo e o integrarmos na consciência, nós evoluímos e ficamos mais inteiros.
Quem quiser entender um pouco mais, sugiro que leiam o post O OUTRO EM MIM – UMA RELAÇÃO COM O INCONSCIENTE.
Então, como foi dito anteriormente, por baixo de muitos sintomas e doenças existe um núcleo, que visa equilibrar a pessoa. É como se fosse aquela parte de sua psique que precisa se realizar. E não conseguindo espaço dentro do ego, ela o permeia da forma que pode.
Por exemplo: é muito comum que por trás de uma depressão existam muitos desejos insatisfeitos – como o de poder. São coisas que queremos ter, mas não podemos ou não devemos. Alguém pode se deprimir ou ficar extremamente raivoso por ter que ser um humano qualquer e não um Todo-poderoso.
Boa parte de nossos desejos são bastante infantis e egocêntricos. É a criança que acredita ser esse centro do universo, que acredita que o mundo existe para servi-la. Se o ego adulto permanece acreditando que deva realizar todo e qualquer desejo, acaba ficando escravo dos mesmos. Existe uma satisfação apenas temporária.
Mas aqui fica implícita uma energia que o move em direção à vida e à perfeição – ainda que ele deposite essa mesma energia em coisas inadequadas. Ainda que este ego esteja inflado, esse sintoma nos mostra uma tendência a se identificar com o Self (arquétipo equivalente ao divino em nossa psique) e um anseio em integrá-lo.
(Para um aprofundamento, leiam EGO INFLADO)
E em minha opinião, a grande sacada da psicologia analítica é justamente olhar para esse núcleo tão valioso. É bem diferente para o paciente ser visto dessa forma ao invés de ser olhado como um doente.
Dentro de sintomas como esses devemos ser muito cuidadosos para salvar a fantasia que é doadora de vida e ao mesmo tempo podar a infantilidade do desejo de realizar-se.
É muito fácil errar a mão nesse processo. Vejo pessoas que “matam” seu crescimento psíquico à medida que atuam todos os seus desejos. Assim como o contrário: sufocam seu crescimento em uma resignação deprimente.
Muitos de nossos sintomas são convites ao mundo interno. Se pudéssemos entender isso, ao invés de querer eliminá-los a qualquer custo, teríamos uma oportunidade de ouro.
A fantasia é aquilo que confere energia ao ego. O ego alimenta-se dela. Não podemos simplesmente cortar essa manifestações. O que podemos é dar uma vazão adequada a tudo isso. Gosto daquela máxima escolástica de que o que é recebido vem na medida do recipiente.
O trabalho consiste em extrair o puro do infantil, o self do ego. O anjo do demônio. Sempre aumentando a capacidade do recipiente (ego).
Tarefa fácil? Não, não mesmo. Mas nem por isso devemos nos desviar dela, pois ela é o Caminho.

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